


Nossa História
A ideia de construir o Cursinho Popular Transformação surgiu após diversos debates em torno das vivências e demandas de travestis e pessoas transexuais na sociedade.
Foi em janeiro de 2015, no III Curso de Formação Política LGBT, realizado pela Setorial LGBT da Federação Nacional de Estudantes de Direito, em conjunto com a Frente LGBT da PUC-SP, que graduandos e mestrandos de diferentes universidades do país debateram questões pertinentes à população T em conjunto com nomes da militância LGBT e feminista.
Ao decidir os encaminhamentos práticos do Curso, percebemos que o acesso e permanência em espaços de educação formal representa um dos maiores obstáculos estruturais para esta população e contribui, ainda, para sua ausência no mercado de trabalho formal, nos serviços de saúde e em outros espaços públicos. Vimos, assim, o quão necessária e importante é a existência de espaços de educação que acolham e se constituam com a participação de pessoas T. Já partimos do pressuposto de que buscaríamos subverter a lógica de uma educação padronizada, opressora e despreparada para a inclusão e o respeito às diferenças. Por isso, optamos por um projeto de Cursinho Popular.
Nosso trabalho iniciou com pesquisas e consultas em locais de acolhimento LGBT, centros de referência, conversas com militantes do movimento de Travestis e Transexuais, além da Frente de Cursinhos Populares de São Paulo e pessoas da área de educação. Tudo para que pudéssemos compreender ainda melhor a realidade da maioria das pessoas T, as violências específicas que são submetidas/os e quais alternativas dentro desse espectro da educação poderíamos encontrar.
Posteriormente, após entendermos que, diante das particularidades do público que precisávamos atingir, o ENEM, apesar de suas inúmeras problemáticas, é uma alternativa real de mudança na realidade dessas pessoas, logo definimos que os conteúdos das aulas deveriam seguir seus conteúdos. Passamos, então, a mapear espaços físicos. Foi desse trabalho que entramos, também, em contato com o CRD (Centro de Referência e Defesa da Diversidade) e após
algumas conversas e reuniões fechamos a parceria para utilizar o espaço e para que nos fosse cedido lanche durante
as aulas e passagens de ida e volta para os/as estudantes.
A concretização desse projeto e a formação da nossa primeira turma de estudantes foi extremamente gratificante, com uma aluna, a Amanda, ingressando numa universidade pública. Esperamos que o trabalho continue e se amplie. E desejamos que muitas e muitas pessoas T possam se empoderar e encontrar, também nesse espaço, aquilo que nossa sociedade teima em lhes negar: direitos.

Por uma educação inclusiva e acessível
“O cursinho é um lugar onde não precisei me preocupar com estigmas, julgamentos e discriminação por parte de professores e alunos, além do conteúdo produtivo e útil que foi ensinado, tive oportunidade de desenvolver mais empatia e ter contato com pessoas que tem historias de vida diferentes da minha. O método de ensino
também questiona o modelo atual, através de debates e conversas, onde pude esclarecer dúvidas e ganhar conhecimento. Foi a melhor coisa que aconteceu em 2015 pra mim.”
Amanda M. Paschoal (ex-aluna do Cursinho, hoje estudante de Gestão do Turismo no Instituto Federal de
São Paulo e uma das voluntárias do Cursinho)